Com o advento de sites como XVideos, Porhub e XHamster, e plataformas como OnlyFans e Privacy, as atrizes e atores pornôs brasileiros conseguiram uma nova fonte de renda —e muito mais lucrativa do que assinar contratos com produtoras de vídeos.
Só que a maioria desse elenco ainda depende de produtoras como Brasileirinhas, Sexy Hot, Brad Montana e Loupan e outras. Por um motivo: essas empresas ainda são garantia de visibilidade e de “currículo” nas outras plataformas.
Em outras palavras: qualquer pessoa pode ter um perfil de OnlyFans ou Privacy. Mas, ter um perfil mostrando que se trata de uma “celebridade” do mundo pornô nacional, vai ampliar o interesse de potenciais assinantes brasileiros ou de outros países.
Fim da era de ouro
Estrelas do passado do pornô nacional, como Vivi Fernandes, 44, Gretchen, 63, e Rita Cadilac, 68, entre outras, ganharam muito dinheiro. Vivi, por exemplo, disse ter ganho cerca de R$ 1 milhão somente com os filmes que gravou no início da década de 2000. Gretchen diz ter faturado mais ainda: R$ 1,5 milhão.
O problema é que todos esses valores fazem parte de tempos que não voltam mais. Vivi Fernandes, Vivi Brunieri (ex-Ronaldinha), Rita e Gretchen foram as últimas estrelas eróticas do país a pegar o final da era do DVD.
Naquele tempo não havia nem sequer uma banda larga estabelecida, e, portanto, baixar vídeos era um verdadeiro tormento. Quem queria ver pornô era obrigado a assinar canais na TV paga ou comprar DVDs.
As vendas eram gigantescas. Só a produtora Brasileirinhas chegava a vender 300 mil DVDs por mês em bancas de jornal.
No entanto qual o valor que ganham as atrizes e atores pornôs por filmes feitos por produtoras nacionais atualmente. Pouco. Muito pouco. Assustadoramente pouco, perto do passado.
Segundo Katharine Madrid, uma das estrelas mais requisitadas da nova safra dos filmes eróticos nacionais, os cachês são realmente baixos.
“Eu recebo por cena, e não por filme. Os valores variam muito, mas é muito pouco. Talvez R$ 1.000. Mas há atrizes que ganham até menos”, diz a loira. Ela cobra no OnlyFans entre US$ 5 (assinatura mensal) e US$ 42 (anual), e que já postou quase 1.000 vídeos e fotos (@katharinemadridoficial) na plataforma.
Além disso fatura também com shows ao vivo, que também podem ser marcados via ‘direct’ do Instagram (@katharinemadridatriz).
Outra atriz da nova geração, Jenifer Lol, 24 anos, concorda com Katharine e diz que muitas vezes, dependendo da produtora, vale a pena gravar mesmo sem um cachê muito alto, por causa da “visibilidade”.
“Ainda dependo de algumas empresas, como Brasileirinhas, que ainda nos valoriza. Mas, tem algumas produtoras ‘zoadas’ que oferecem absurdos, como R$ 400 por cena”! diz ela, que hoje atende a algumas produtoras pornôs ‘gringas’, que agora estão chegando ao Brasil.
“Na verdade, eu ganho mais com shows e com minhas plataformas”, diz Jenifer, que está começando seu perfil no OnlyFans (@jeniferlol).
Reality show
Maior produtora de vídeos do país, a Brasileirinhas também tem o único reality show 24 horas para assinantes. Todas as quintas-feiras, uma nova garota entre na casa, onde ficará sendo filmada 24 horas por dia até a quinta-feira seguinte. As novas “moradoras” são recebidas pela “hostess” da casa, a atriz Elisa Sanches.
Segundo o CEO da empresa, Clayton Nunes, a atriz na casa recebe de R$ 3.000 a R$ 5.000, dependendo da quantidade de cenas que fizer com atores convidados. A “semana” da “moradora” acaba sendo editada e virando um filme que entra para o acervo disponível aos assinantes do serviço de streaming.
Ricardo Feltrin|Colunista do UOL