A politização da operação da Polícia Federal contra a facção criminosa PCC subiu de patamar ontem após o presidente Lula (PT) insinuar sem provas que o plano para matar o senador Sérgio Moro (UB-PR) seria “uma armação”.
“Eu não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Acho que é mais uma armação. Se for, ele vai ficar mais desmascarado ainda”, afirmou Lula durante evento da Marinha no Rio.
Segundo a PF, Moro era uma das cinco autoridades visadas pelos criminosos e teria entrado na lista por ter determinado, quando era ministro da Justiça, a transferência de líderes da fação para presídios federais. Desde fevereiro ele andava com uma escolta da Polícia Legislativa devido a ameaças. O senador reagiu com irritação às declarações de Lula. “O senhor não tem decência?”, indagou. (CNN Brasil)
A desconfiança de Lula e de seus aliados, conta Luciana Lima, se deve ao fato de a operação da PF ter sido determinada pela juíza Gabriela Hardt, que substituiu o hoje senador nos julgamento da Lava-Jato, e ter acontecido um dia depois de o presidente dizer, em entrevista, que, quando estava preso, só pensava em “foder esse Moro”. (Meio)
Após a fala de Lula, Hardt levantou o sigilo das investigações. Entre as provas obtidas pela PF está uma troca de mensagens na qual integrantes do PCC planejavam o sequestro de Moro no dia 30 de outubro do ano passado, segundo turno das eleições. Membros da quadrilha também filmaram um prédio onde o senador moraria. (Metrópoles)
A investigação mostrou ainda que os criminosos tinham acesso ao sistema de monitoramento de câmeras de trânsito do governo de São Paulo. Segundo Malu Gaspar, o plano foi denunciado por um ex-integrante da facção que buscou proteção policial após ser jurado de morte por comparsas. (Globo)
Eliane Cantanhede: “[Lula] É irresponsável, ridiculariza a Polícia Federal, que detectou e agiu tempestivamente contra a audácia do crime organizado, e tem um efeito colateral: dá holofotes a Moro. Ninguém fala o que quer, na hora que bem entende, sem pesar as consequências. Isso vale principalmente para um presidente, mas Lula tem quebrado essa regra básica com certa frequência, preocupando o seu entorno, gerando críticas diplomáticas, atiçando a oposição e, claro, ganhando espaço negativo na mídia.” (Estadão)
