Se a economia deu o tom do início da viagem do presidente Lula à China, com seu questionamento à hegemonia do dólar, a guerra da Ucrânia marcou o fim, na parada que fez nos Emirados Árabes Unidos, ao retornar do gigante asiático.
Lula afirmou que a “decisão pelo conflito foi tomada por dois países”, responsabilizando novamente a própria Ucrânia pela invasão do seu território. A primeira referência foi em janeiro, durante a visita do chanceler alemão, Olaf Scholz. Além disso, em Abu Dhabi, cobrou que os EUA “parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz”.
“O presidente [russo, Vladimir] Putin não toma a iniciativa de parar. [O presidente ucraniano, Volodymyr] Zelensky não toma a iniciativa de parar. A Europa e os Estados Unidos continuam contribuindo para a continuação desta guerra. Temos que sentar à mesa e dizer para eles: ‘basta’”, disse Lula, que voltou a defender sua proposta de um “clube da paz” para o fim do conflito.
A declaração incomodou os americanos, tanto diplomatas quanto a imprensa, devido à sinalização de certo alinhamento a Moscou e Pequim. Para o Itamaraty, a visita prova uma saudável independência do Brasil. Hoje, o chanceler russo, Serguei Lavrov, chega a Brasília para uma visita de dois dias, na qual discutirá, entre outros assuntos, o conflito provocado por seu país. Essa visita também deve incomodar os Estados Unidos. (Folha e g1)