O ex-candidato da oposição da Venezuela, Edmundo González, disse que foi coagido a assinar uma carta reconhecendo a vitória de Nicolás Maduro nas eleições deste ano. Em vídeo publicado na noite de quarta-feira (18), o político revelou que essa foi uma das condições para que o governo o deixasse cumprir asilo político na Espanha.
“Eles apareceram com um documento que eu teria que assinar para permitir minha saída do país. Naquele momento, considerei que poderia ser mais útil livre do que se fosse preso e impedido de cumprir as tarefas que me foram confiadas [pelos eleitores]”, disse González. Segundo ele, foram horas de “muita tensão, chantagem e pressão”.
A declaração do opositor venezuelano acontece após o chefe da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, apresentar o documento em questão, que deveria ser confidencial, durante uma coletiva de imprensa. No texto, González concorda em reconhecer e acatar as decisões de órgãos de Justiça – as quais validaram a vitória de Maduro no pleito.
“Um documento produzido sob coação, está viciado de nulidade absoluta por um vício grave de consentimento”, rebateu González, no vídeo. “O regime quer que todos os venezuelanos percam a esperança. O mundo inteiro sabe que eles sempre recorrem ao crime, à chantagem e à manipulação”, acrescentou o opositor.
Relembre o caso
A crise política na Venezuela se intensificou após González alegar fraude na apuração do Conselho Eleitoral, que anunciou a reeleição do líder venezuelano por 52,21% dos votos. Pela internet, os opositores divulgaram um painel com as atas eleitorais que tiveram acesso, declarando a vitória de González por mais de 70% dos votos.
O caso foi levado à Justiça, onde González foi acusado de usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais e incitação de atividades ilegais. O opositor chegou a ser intimado para prestar depoimento, mas não compareceu nas três vezes que foi chamado. Com isso, a Justiça emitiu um mandato de prisão contra ele.
Temendo a própria segurança, González, então, pediu o exílio como parte de um acordo negociado com o governo de Maduro. Ele embarcou para o país em 7 de setembro, em um avião da Força Aérea Espanhola. De lá, o opositor afirmou que continuaria lutando pela recuperação da democracia e pela liberdade dos venezuelanos.