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    Em meio a incêndios, desertificação avança no Pantanal, diz biólogo

    O Pantanal vem passando por uma temporada de seca, entretanto, neste ano, o bioma registra recorde de queimadas no primeiro semestre, de acordo com levantamento realizado pela organização não governamental WWF-Brasil. Entre 1° de junho e 23 de junho, já foram detectados 3.262 focos de queimadas, número considerado 22 vezes maior que no mesmo período do ano passado.

    Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que os focos de incêndio no bioma cresceram 931% em apenas um ano. Assim, o Pantanal e o Cerrado têm a maior quantidade de focos de incêndio já registrada no período desde 1988, quando as queimadas começaram a ser monitoradas por satélites do instituto.

    Em 2020, a região sofreu com incêndios florestais sem precedentes, com um aumento de 215% em relação ao ano anterior. Conforme os Ministérios Públicos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, quase 60% dos focos foram provocados por ações humanas.

    Os ambientalistas alertam que as consequências para as queimadas deste ano dependerão do engajamento da população e das ações do poder público em combate aos focos ativos. Entretanto, as principais causas estão nas ações humanas, com desmatamento ilegal e práticas agrícolas inadequadas.

    Ainda de acordo com especialistas da WWF-Brasil, o aumento das queimadas neste ano está associado, principalmente, à crise climática. Devido à escassez de chuva, desde maio, não foi possível transbordar os rios e conectar lagoas e o Rio Paraguai, deixando níveis baixos de água para a época do ano e em situação crítica de seca.

    O estudo chamado “MapBiomas águas”, publicado nesta quarta-feira (26/6), aponta que a superfície de água em todo o Brasil ficou abaixo da média histórica em 2023. Conforme a pesquisa, “os biomas estão sofrendo com a perda da superfície de água desde 2000, com a década de 2010 sendo a mais crítica”.

    O Pantanal foi considerado o bioma que mais secou ao longo da série histórica da instituição Map Biomas águas, que faz análises desde 1985. O levantamento informa que a superfície de água no Pantanal, em 2023, chegou a 382 mil hectares, 61% abaixo da média histórica.

    Ao Metrópoles, Gustavo Figueiroa, biólogo e diretor de comunicação do Instituto SOS Pantanal, faz projeções sobre o processo de chuvas. “Se as queimadas continuarem no Pantanal, a projeção do futuro é ir perdendo cada vez mais a janela de resiliência, ficando mais pobre em biodiversidade.

    Os índices de chuva no Pantanal são menores ou bem parecidos com os da Caatinga, o Pantanal depende da água que vem de fora, então sem essa água que vem de fora, com a diminuição da água, o Pantanal seca demais e começa realmente um processo de desertificação”, diz o biólogo.

    “Não é que vai virar um deserto de uma hora para outra, mas ele (bioma) vai ficando mais pobre, vai ficando com menos áreas florestadas e as áreas de campo vão ficando mais pobres em espécies”, diz.

    Gustavo Figueiroa ainda relata sobre as chances de savanização do bioma. “Primeiramente, é importante entender que o Pantanal tem já muitas áreas de Savana, diferente da Amazônia, que é uma floresta densa, o Pantanal tem vários tipos de vegetação de fitofisionomia — tipo de vegetação — dentre elas têm áreas de savana também, então eu diria que o Pantanal não esteja sofrendo uma savanização, mas sim em um processo de desertificação — degradação dos solos em regiões de clima quente e seco”, explica

    Caso não haja mudanças e diminuição nos incêndios, o Pantanal corre grandes riscos, contando com consequências sérias para o ecossistema e ameaças para espécies vulneráveis que dependem desse habitat único. “Não há uma estimativa de savanização, pelo menos eu não sei de nenhum estudo que estima de quanto tempo isso pode ocorrer, mas acredito que até o final do século, se continuar do jeito que tá, a gente já vai ver uma mudança muito brusca no que o Pantanal era antigamente, vai mudar bastante”, afirma Figueiroa.

    “Como consequências de desertificação para o futuro temos a perda de biodiversidade, a perda de um ambiente que hoje é lar para uma infinidade de espécies, é um santuário de vida selvagem e, quanto menos água, quanto menos diversidade de vegetação, menos a biodiversidade consegue morar ali, então uma das consequências é essa perda de biodiversidade, e a possibilidade de impedir é só restaurando as áreas do entorno do Pantanal para que a água volte a correr para lá, parando o desmatamento na Amazônia, no Cerrado, enfim. O Pantanal não depende só dele, mas depende exclusivamente de outros biomas para sobreviver”, conclui o biólogo Gustavo.

    Pantanal
    O Pantanal, localizado no centro da Bacia do Alto Paraguai na América do Sul, abrange uma área de 195.000 km². O local é responsável por abrigar uma grande diversidade de animais e plantas, incluindo 582 espécies de aves, 132 de mamíferos, 113 de répteis e 41 de anfíbios.

    A região é uma planície afetada por rios que drenam a bacia do Alto Paraguai, onde se desenvolvem fauna e flora, além de ser influenciada por quatro biomas, são eles: Amazônia, Cerrado, Chaco e Mata Atlântica.

    Neste mês de junho, o Pantanal registrou um número recorde de incêndios florestais. Os grandes focos surgiram antes do início da estação seca. Na segunda-feira (24/6), o governo do Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência nos municípios atingidos.

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