A primeira derrota de fato do governo no Congresso Nacional mostra que há muitos infiéis e que a tentativa de montar uma coalizão com base na distribuição de ministérios entre os partidos não está funcionando.
O que definiu a derrota do governo por 295 a 136 votos não foi o tema — mudanças no Marco do Saneamento —, mas a insatisfação dos partidos de centro e de direita com a liberação de cargos e emendas ao Orçamento. O não cumprimento ou a lentidão na execução das promessas feitas até agora é motivo de queixas dos parlamentares.
Ontem, Lula cobrou publicamente o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha: “Espero que ele tenha a capacidade de organizar, de articular, que ele teve no conselho, dentro do Congresso Nacional. Aí vai facilitar muito a vida”. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defende a montagem da base por meio da distribuição e liberação ágil de emendas parlamentares. (Folha)
Com as cobranças de Lira e as dificuldades para angariar apoio na Câmara, o governo autorizou ontem a liberação de R$ 3 bilhões do Orçamento na área de Saúde. O montante será enviado a estados e municípios, mas o destino do dinheiro será definido em negociação com as bancadas estaduais no Congresso.
Segundo o Ministério da Saúde, a liberação já estava prevista na PEC da Transição. Esse valor é parte dos R$ 9,8 bilhões que o Executivo herdou com o fim do orçamento secreto. (g1)