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    Vítima do atirador do Shopping Morumbi diz que “ele cumpriu sua pena”

    São Paulo — O engenheiro químico Antonio José de Carvalho Amaral Martins, de 65 anos, contou que não vê impedimento na liberação de Mateus da Costa Meira, conhecido como Atirador no Shopping Morumbi, na zona sul de São Paulo, após ter atirado e matado quatro pessoas em uma sala de cinema do local, em novembro 1999. Ele foi uma das vítimas de Mateus, solto na última semana após 25 anos.

    Antonio, que foi uma das quatro pessoas feridas pelo atirador, disse, em entrevista à Folha de S. Paulo, que o atirador cumpriu a pena determinada “ou a parte dela que foi obrigado” e por isso não vê nenhum impeditivo para sua soltura:

    “Ele me baleou duas vezes, mas, segundo a Justiça, pagou por este e outros crimes”.

    Outras três pessoas morreram com os tiros de uma submetralhadora.

    No dia 3 de novembro de 1999, Antonio foi baleado no testículo e na perna esquerda. Ele conta que na época do ocorrido tinha acabado de casar e por conta do disparo em um dos testículos teve que postergar os planos de ter filhos, que vieram após um tratamento de fertilização anos depois.

    “Eu vejo tudo com muito bons olhos, pois entendo que a consequência disso tudo foi eu ter tido meus filhos gêmeos, após o tratamento de fertilização”, contou Antonio ao jornal. Os gêmeos, uma menina e um menino, hoje têm 14 anos.

    Sobre o projétil da perna esquerda, o homem conta que pouco o afetou e que apenas virou um “termômetro do tempo” para ele.

    Apesar de ter presenciado uma cena de terror, o sobrevivente diz não ter trauma daquele dia e que ainda continua frequentando salas de cinema: “Vou ao cinema regularmente. Apenas no período logo após o ocorrido que tive receios e temores. Mas tudo isto já passou”.

    Antonio ficou sabendo da liberação de Mateus da Costa Meira após ser contactado pelo jornal.

    Atirador no Shopping
    O jovem, que tinha 24 anos na época e cursava medicina na Santa Casa, usou uma submetralhadora 9 milímetros e disparou entre 60 e 80 tiros. O ataque aconteceu durante sessão das 21h15, na sala 5 do cinema. Clube da Luta estava passando na telona.

    Em determinado momento do filme, ele se levantou, foi ao banheiro, tirou a arma de uma sacola, retornou para a sala e disparou contra os espectadores. Mateus foi dominado pelos seguranças do shopping, que não estavam armados, e levado à delegacia.

    As mais de 60 pessoas que estavam presentes no momento do crime relataram que a luz da sala de cinema não acendeu e muitos nem perceberam que o tiroteio havia acontecido devido à movimentação do próprio filme.

    No dia seguinte ao crime, Mateus da Costa Meira disse à polícia que estava tentando se livrar das vozes que ouvia e de perseguidores imaginários.

    Em setembro de 2000, ele foi transferido do 77º DP, Santa Cecília, na região central da capital paulista, para o Centro de Observação Criminológica do Carandiru, na zona norte. A transferência foi determinada pelo juiz Maurício Lemos Porto Alves, devido ao estado psíquico do jovem. Ele ficou lá até o presídio ser desativado, em 2002. Posteriormente, o criminoso foi transferido para a Penitenciária 2 de Tremembé.

    Cinco anos depois, em 2004, aconteceu o julgamento do atirador do shopping. Na ocasião, ele foi condenado a 120 anos e 6 meses de prisão pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

    No final do julgamento, a própria defesa de Mateus afirmou que ele não era inocente, mas que deveria ser beneficiado com a semi-imputabilidade. O psiquiatra de Meira, José Cássio do Nascimento Pitta reforçou que o ex-estudante tinha transtornos de personalidade esquizóide.

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