São Paulo — Morto por policias das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), a tropa de elite da Polícia Militar (PM), na tarde de sábado (10/2), em Santos, no litoral paulista, Allan de Morais Santos, de 36 anos, conhecido como “príncipe do PCC”, acumulou penas de 22 anos e 10 meses por crimes como tráfico de drogas e tentativa de homicídio.
Ele ficou mais de uma década no sistema prisional, não voltou após uma saidinha temporária de Dia das Mães, e foi pego após abrir fogo contra policiais em um flagrante por trafico. Também foi punido por escavar um túnel para tentar fugir da prisão.
Allan de Morais Santos foi condenado pela primeira vez por suposta tentativa de homicídio contra um chefe do tráfico em Santos – crime que ele disse ter confessado após tortura. Como antecipado pela coluna de Josmar Jozino no Uol, ele era parente de um integrante da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC).
O “príncipe do PCC” dirigia um Jeep Compass na Avenida Martins Fontes, um dos principais acessos a Santos, no litoral paulista, quando foi abordado pelos policiais da Rota pela suspeita de transportar armas. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), ele resistiu e abriu fogo. Com ele, foi encontrado um fuzil.
Atentado contra chefão
Allan de Morais Santos foi preso pela primeira vez em março de 2007, aos 19 anos. Aos policiais, ele disse que havia atirado em um chefe do tráfico no morro porque este havia passado uma “cantada” em sua namorada.
Quando foi interrogado na Justiça, afirmou que não havia cometido o crime. Disse ter sido forçado a confessá-lo porque apanhou de policiais por ser “primo” de Fernando Gonçalves dos Santos, que pertencia ao alto escalão do PCC.
Conhecido como “Azul”, o primo do “príncipe do PCC” acumula condenações a 28 anos de prisão por crimes como roubo, tráfico e organização criminosa. “Azul” foi um dos presos transferidos, em 2019, da Penitenciária de Presidente Venceslau, em São Paulo, para presídios federais, a pedido do Ministério Público (MPSP), para isolar lideranças da facção criminosa.
No depoimento, Allan disse que Azul não tinha nada a ver com a tentativa de homicídio e que não o via há alguns anos. Ele ainda disse que ouviu falar que um vizinho era o autor dos disparos e acabou assassinado após o crime.
Fuga em túnel
Por esse crime, ele foi condenado a 8 anos e 8 meses de prisão. Durante o cumprimento da pena, em 2007, foi punido com a anulação dos dias de remissão após ser pego cavando um túnel para tentar fugir do presídio.
Sua vida foi marcada por idas e vindas na prisão. Em 2012, o “príncipe do PCC” pôde sair para o feriado do Dia das Mães e não voltou mais. Acabou preso de novo. Ele foi surpreendido por policiais ao lado de comparsas no Morro da Penha, em Santos, em um flagrante por tráfico de drogas.
Segundo a Polícia Civil, ele e outro integrante da facção reagiram abrindo fogo contra policiais e fugiram. No local, encontraram armas, maconha e cocaína. Após a prisão de parte da quadrilha, policiais receberam informações de que Allan tentava fugir do morro e acabou surpreendido pela polícia em um carro dirigido por sua namorada.
Foi denunciado como membro do PCC e gerente da boca de tráfico, e condenado novamente. Somente em 2020, conseguiu uma decisão judicial para migrar para o regime semiaberto, que implica na saída durante o dia para trabalhar.
Ele havia conseguido pareceres do MPSP confirmando que já havia cumprido parte da pena em regime fechado e tinha bom comportamento há pelo menos um ano. No sábado (10/2), ele foi o 19º suspeito morto da Operação Escudo, deflagrada pela PM na Baixada Santista em meio a assassinatos de três policiais.