A fumaça dos incêndios tem sufocado a comunidade indígena Capoto Jarina, no norte de Mato Grosso, próximo ao município de São José do Xingu, a 931 km de Cuiabá. A região é atingida pelas chamas há mais de um mês e já destruiu mais de 40 mil hectares da Floresta Amazônica, segundo os brigadistas.
Segundo o líder indígena Megaron Txucarramae, os indígenas com problemas respiratórios são os que mais sofrem. No posto de saúde da aldeia, a maior parte dos atendimentos é de crianças, e os sintomas mais comuns são a presença de tosse, coriza e dor nos olhos, por causa da fumaça.
A estudante indígena Yakairu Metuktire, foi acompanhar os primos no atendimento no posto de saúde, e lá descobriu que também precisava de atendimento.
“A gente não tá se sentindo bem, arde nariz, os olhos, tá bem ruim”, conta.
Para a técnica de enfermagem, Márcia Glauciante, os reflexos na saúde não estão apenas ligados ao mal-estar. Por causa dos incêndios, muitas árvores caíram e atingiram a fiação elétrica e sem energia elétrica, quem busca atendimento e precisa de inalação, não consegue. Os medicamentos que necessitam de refrigeração também perdem a eficácia
“Passamos uma semana sem energia e voltou somente por dois dias. Depois caiu outras árvores em cima da fiação e está bem complicado. Pacientes que fazem o uso de insulina e esse remédio precisa de refrigeração”, explica.
Toda a fumaça também dificulta o trabalho dos 38 brigadistas que tentam apagar os focos. De acordo com o supervisor estadual dos brigadistas Prevfogo- MT, Guilherme Camargo, os obstáculos para combate às chamas na Terra Indígena não se limitam aos incêndios.
“Os dias estão mais quentes, as rajadas de vento estão mais intensas, a umidade mais baixa e dependendo das condições, eles param o trabalho.A vida deles também têm prioridade”, diz.
Terras em chamas
Até o dia 11 de setembro, cerca de 41 terras indígenas já tinham sido afetadas pelas chamas, segundo a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt). As consequências desta devastação incluem plantações usadas para sustento dos povos indígenas destruídas e mudanças temporárias de moradias.
Os incêndios comprometem a alimentação do indígenas, como é o caso dos moradores da Aldeia Piaruçu, na Terra indígena Capoto Jarina, na região do Parque Indígena do Xingu. Segundo Yaka Metuktire, a plantação de mandioca, principal alimento para os filhos e netos, foi destruída.
“Queimou tudo a minha roça. Queimou outra roça da minha mãe também. Isso é a comida que nós comemos, é a nossa alimentação que queimou, não tem mais nenhuma mandioca”, lamentou.