O casal de empresários Rhayssa Duarte e Fagner Aguiar, que moram em Orlando, foram separados após anúncio da chegada do furacão Milton, que deve tocar o solo da Flórida na madrugada desta quinta-feira (10). Eles tinham viagem de trabalho programada para Massachusetts, mas Fagner não conseguiu comprar a passagem dele por causa da alta procura e o aeroporto de Orlando fechou nesta quarta-feira (9) sem previsão de reabertura.
Ao g1, Rhayssa, de Cuiabá, contou que a família está preocupada, pois ainda é incerto como ficará a população e a cidade nas próximas horas com a chegada do furacão.
“Consegui embarcar para Massachusetts junto do meu filho. Meu marido ficou em Orlando, pois não conseguimos passagem pra ele de última hora. Foi muito triste despedir dele, vê ele despedindo do nosso filho. Tento me manter positiva para passar força pra ele, mas meu coração está apertado”, relatou.
De acordo com Rhayssa, com o medo do furacão, a população já começou a estocar suprimentos dentro de casa e os mercados estão ficando sem mantimentos. Com a falta de mercadoria, a empresária reclamou que tem cerca de dois dias que ela o marido não conseguem achar água para comprar e que até os postos de gasolina estão com pouco combustível. Imagens registradas pelo Fagner, mostram um mercado da região com as prateleiras vazias e o céu encoberto por nuvens.
“Tivemos dificuldade de encontrar mantimentos no mercado, principalmente água, que já está em falta, e combustível também. Nós não sabemos o que esperar, porque até mesmo os especialistas estão assustados, a nossa preocupação é a intensidade que ele [o furacão] chegará em Orlando”, expressou.
Fagner está abrigado a cerca de 2 mil km de onde a esposa e o filho estão. Segundo ele, o maior medo é a inundação, já que a área onde está é considerada baixa.
“Estou bastante apreensivo aguardando um furacão de categoria bem forte, coisa que não acontece aqui há 100 anos. Estou bastante apreensivo por conta da inundação. A chuva começou agora e só vai terminar amanhã com vento e aquela coisa toda. Mas vamos confiar em Deus que tudo vai dar certo”, ressaltou.
Mesmo longe de casa, Rhayssa contou que ela e o esposo tomaram diversos cuidados para ficarem seguros e salvos durante o furacão. Ela contou que diversas áreas da cidade de Tampa foram evacuadas por causa do risco iminente, menos Orlando, que foi considerada um local seguro e apropriado para as pessoas ficarem, devido à estrutura das casas.
“Muitas pessoas de Tampa estão indo para Orlando para se abrigarem. A única coisa que eles pedem [o governo] é que a partir de hoje evitem sair na rua por causa da chuva. Pode ser que tenha inundação, mas lá continua sendo o lugar mais seguro. Eles pediram que a gente enchesse as banheiras com água porque eles iriam cortar a água e a energia”, ressaltou.
Do Brasil aos Estados Unidos
Rhayssa contou que tem cerca de sete anos que se mudou para os Estados Unidos. Já o esposo mora no país americano a mais ou menos 10 anos. O casal mora em Orlando, mas também tem casa em Massachusetts por causa da empresa que administram no país.
Segundo a empreendedora, ela iria para Massachusetts antes mesmo da previsão do furacão, por causa do trabalho. No entanto, com a previsão, Fagner também tentou viajar com a família, mas, por causa do caos, não conseguiu e ficou sozinho em casa.
O casal informou que nunca passaram por uma situação parecida com esta vivendo no país e oram para que dê tudo certo e que todos fiquem em segurança.
O furacão
Os ventos do furacão chegaram a 260 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), que prevê também que essa velocidade pode aumentar ainda mais. O Milton, ainda de acordo com o último boletim, desceu de categoria, de 5 (a máxima da escala), para 4. Ainda assim, o NHC disse que ele seguirá “extremamente perigoso” quando tocar o solo em Tampa.
As autoridades meteorológicas têm monitorado o sistema de perto, emitindo alertas para as ilhas que estão no caminho. As condições do mar e a temperatura da água contribuem para a intensidade do furacão, e há preocupações sobre a possibilidade de chuvas torrenciais e inundações em áreas costeiras.
Além disso, as equipes de emergência estão em alerta para garantir que as populações vulneráveis estejam preparadas. As orientações incluem a evacuação de áreas de risco, bem como a estocagem de suprimentos essenciais. As atualizações sobre a trajetória e a intensidade do furacão são contínuas, e as pessoas devem acompanhar as informações das autoridades locais.
Veja um resumo do que se sabe:
- Atualmente, a costa oeste da Flórida está em fase de recuperação por causa da passagem do furacão Helene, no fim de setembro. A tempestade provocou dezenas de mortes e deixou estragos.
- Por causa das ordens de retirada, quatro em cada 10 postos da região de Tampa ficaram sem combustíveis.
- O furacão deve chegar à costa central do Golfo da Flórida com ventos de até 215 km/h. O governador Ron DeSantis pediu à população que se prepare para um impacto significativo.
- O presidente Joe Biden adiou uma viagem internacional para acompanhar a passagem do furacão.
- A prefeita de Tampa, Jane Castor, alertou para risco de morte devido à passagem do fenômeno, principalmente em áreas mais vulneráveis.
- Aeroportos em Tampa e Orlando interromperam voos. Grandes parques temáticos fecharam, como os da Disney e da Universal.
- Cientistas estão surpresos com a temporada de furacões no Atlântico e a classificaram como “a mais estranha” já vista. Cinco fenômenos do tipo se formaram entre setembro e outubro.
- No caso de “Milton”, o fenômeno passou de tempestade tropical a um furacão de categoria 5 em apenas 46 horas. O aumento na intensidade é um dos mais rápidos já registrados.
- No México, o furacão provocou estragos pequenos. Não há mortos ou feridos.