O isolamento do presidente russo Vladimir Putin ficou claro ontem com a aprovação, na Assembleia Geral da ONU, de uma resolução “deplorando” a invasão da Ucrânia. Embora o termo tenha sido suavizado e a decisão não tenha efeito no mundo real, o placar não deixou dúvidas. Foram 144 votos a favor, incluindo EUA, os países da União Europeia e o Brasil, e apenas cinco contra – a própria Rússia, Belarus, que está servido de base para as tropas de Putin, Síria, Coreia do Norte e Eritreia. Potências como a China e Índia estão entre os 35 países que se abstiveram.
Em Haia, o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, disse que vai atender ao pedido de 39 países e abrir uma investigação contra a Rússia por possíveis crimes de guerra cometidos na Ucrânia. Moscou se desligou do TPI em 2016, após a corte classificar a anexação da Crimeia, até então parte da Ucrânia, como uma ocupação.
No cenário interno, o número alto de mortes entre as tropas russas – oficialmente 498 soldados – em uma semana já preocupa analistas militares e põe em risco o apoio doméstico à invasão. Para fins de comparação, ao longo de 20 anos, os EUA perderam 2.500 militares no Afeganistão.
Seja ou não um reflexo desses fatos, a Rússia mudou o tom. Em entrevista, o ministro das relações exteriores, Sergei Lavrov, reconheceu o presidente Volodymyr Zelenski como líder legítimo da Ucrânia e disse que os negociadores de Moscou estão prontos para mais uma rodada de conversas com representantes ucranianos. O novo encontro entre as partes acontece hoje em Belarus.
Redação com Meio